Na noite de quinta-feira, dia 17 de maio de 2012, na Escola Estadual Antônio Cesário de F. Neto, foi proferida pelas Promotoras de Justiça Lindinalva Rodrigues Dalla Costa e Elisamara Sigles Vodonós Portela, a palestra “Questão de Gênero, Feminino e Masculino Grandes Diferença e Direitos Idênticos”.
Frente a um público de aproximadamente 250 estudantes, Lindinalva deu início relatando que homens e mulheres são diferentes em questão do gênero e que elas não querem ser melhores que os homens “queremos apenas ficar ao lado deles, queremos a igualdade e não a superioridade”, explicando também a educação cultural que recebemos em relação a criação de homens e mulheres, dando como exemplo “as meninas são criadas de uma forma diferente do menino, a mãe muitas vezes fala para a menina passar uma camisa para ele sair, ele pode levar a namorada para dormir em casa e a filha nunca pode, e o menino sempre tem alguém, uma figura feminina para satisfazer suas vontades”, salientando que as atribuições dos homens e mulheres são diferentes.
Continuando sua explanação, Lindinalva salientou a parte histórica da palestra, relatando casos reais e que ainda acontecem hoje em dia, como “na China até os dias atuais a mulher só pode ter um filho, e que seja do sexo masculino, porque se for do sexo feminino são assassinadas”, destacando que “a cada 100 mulheres que morrem, 70 são assassinadas com requintes de crueldade pela pessoa que dizia que amava elas, pela violência doméstica, por isso ela precisou de uma legislação especial que é a chamada Lei Maria da Penha. A Lei veio para tirar a violência das famílias, e não para acabar com o casamento.”
Lindinalva relatou da importância na educação dos filhos e dos exemplos que eles tiram de dentro de casa, dizendo que “muitos agressores cresceram em casas em que viam o pai batendo na mãe, a pessoa que ele mais respeita espancando a pessoa que ele mais ama, o filho começa a achar que é natural bater e a filha acha que é normal apanhar, mas nenhum de nós queremos ter um filho agressor ou uma filha agredida”.
Mostrando casos reais para os alunos, Lindinalva enfatizou que as mulheres agredidas passam a não querer mais viver no lar em que moram pois a casa passa a ser lugar de medo para elas “as vítimas morrem em casa”, e relatando que “a violência doméstica não escolhe classe social e é dentro de casa que as pessoas se mostram como realmente elas são. O casamento é feito de amor, carinho e respeito”.
Ao final de sua explanação, Lindinalva mencionou “a violência doméstica é um questão cultural e não patrimonial. A Lei Maria da Penha não veio para acabar com nenhuma família, ela veio para coibir e prevenir a violência doméstica”.
Continuando os trabalhos, Elisamara deu ênfase a violência sexual e da importância no diálogo em família pois, conforme relatou “as crianças não tem coragem de contar que são abusadas porque a família não dialoga em casa sobre o sexo” orientando-os sobre a importância de prestar atenção nos desenhos que os filhos fazem, no que falam e em como se comportam “é necessário prestar atenção também naquele pai, padrasto, avô ou tio que tem ciúmes demais da menina”.
Com total atenção dos estudantes, Elisamara trouxe dados estatísticos, dentre outros, comentou que “90% dos casos as vítimas são mulheres, meninas de 7 a 14 anos, tudo por conta da violência de gênero, e os meninos abusados não contam por medo e por vergonha”, mostrando casos reais que ocorrem no Brasil e em outros países.
Ao final de sua explanação, Elisamara enfatizou que “muitas mulheres não tem coragem de romper o relacionamento com o abusador” e também “é muito comum mães venderem seus filhos por troca de um botijão de gás ou qualquer valor em dinheiro, por essas e por outras e que é importante prestarmos atenção na nossa família”.
O evento contou com a participação da Promotora de Justiça e vice coordenadora da COPEVID Ivana Machado Battaglin, que veio da cidade de São Gabriel/RS para conhecer os projetos “Questão de Gênero” e “Lá em Casa Quem Manda é o Respeito” e aplicar em sua cidade.
A professora Suzana Rondon relatou da importância de ações preventivas como essas para a comunidade, prevenindo a população e enfatizando “é o maior desafio para combater a violência doméstica porque exige das mulheres a consciência da importância do seu papel nesse combate e a sua participação nos instrumentos de combate, é um desafio superável”
Maria Dagmar, estudante, disse que gostou das palestras e da importância na conscientização da família “acrescentou muitas coisas para mim, eu sabia que tinha a lei mas não sabia como proceder e o que fazer em casos de violência doméstica e de abuso sexual”.
A estudante Josélia Alves de Oliveira achou extremamente importante as palestras proferidas e a distribuição de cartilhas “adorei, acrescentou muito, é importante ter palestras como essas para servir de exemplo e passar para a família e para a comunidade”.
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