Na segunda-feira, dia 22 de maio de 2017, na sala de reuniões do Núcleo das Promotorias de Justiça Especializadas no Enfrentamento à Violência Doméstica Contra a Mulher de Cuiabá, os novos promotores de justiça substitutos, Kelly Cristina Barreto dos Santos, Aldo Kawamura Almeida, Ana Paula Silveira Parente, Cleuber Alves Monteiro Junior, Fabison Miranda Cardoso e Bruno Franco Silvestrini, receberam curso de capacitação ministrado pela Promotora de Justiça Lindinalva Correia Rodrigues acerca do enfrentamento à violência doméstica.
A Promotora de Justiça iniciou suas palavras enfatizando que o curso de capacitação não era para ensinar-lhes a Lei Maria da Penha, mas sim para sensibilizá-los da importãncia da sua efetiva aplicação e no tocante ao atendimento às vítimas, haja vista que, muitas delas, mesmo após anos sendo vítimas de violência doméstica, relutam em denunciar seus agressores, e quando decidem denunciá-los, por vezes, encontram pelo caminho pessoas não capacitadas para o atendimento e que acabam por olhar as vítimas como se elas fossem as culpadas pelas agressões sofridas. Por tal motivo, os operadores do direito (Delegados de Polícia, Promotores de Justiça, Juízes, etc) devem ser capacitados para que realizem um atendimento adequado às vítimas de violência doméstica.
Não obstante, Lindinalva ressaltou que 70% (setenta por cento) das mortes de mulheres que ocorrem no Brasil são decorrentes de violência de gênero, evidenciou alguns chocantes e comoventes fatos ocorridos no Estado de Mato Grosso, bem como, ressaltou que os crimes de gênero são praticados com requinte de crueldade, isto porque, em regra, motivado por um sentimento de posse, o homem prefere violentar sua companheira, do que aceitar a ideia de não tê-la mais.
Lindinalva encerrou citando a seguinte frase: "A extorsão, o insulto, a ameaça, o cascudo, a bofetada, a surra, o açoite, o quarto escuro, a ducha gelada, o jejum obrigatório, a comida obrigatória, a proibição de sair, a proibição de se dizer o que se pensa, a proibição de se fazer o que se sente, e a humilhação pública são alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura do terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo. (..) Os direitos humanos deveriam começar em casa." GALEANO, Eduardo. "A cultura do terror". L&M Pocket, 2006.
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